quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Escutando, lembrando

Hoje estava escutando uma música. Jogado no sofá da sala me deixei levar por aquela melodia.

Tentei prestar atenção à letra, mas foi em vão ela infelizmente não casa com a imagem que ela traz a minha mente.

Fechei os olhos e fui fundo no que ela me lembrava... talvez essa musica abrisse a porta de algo que é impar para mim... alguma imagem que é única na minha mente.

Voltei no tempo, para uma tarde.

Tinha despertado a pouco. Ao meu lado serenamente alguém ainda estava desligado do mundo.

Fiquei por um bom tempo contemplando aquela cena. Podia escutar o ar que entrava e sair do seu corpo, o calor que emanava daquele corpo, seu cheiro liberto de qualquer perfume. Fiquei paralisado por um tempo, tentando congelar aquele momento para mim.

Quanto mais olhava, mais o desejo de tocar e sentir aquele calor em mim aumentava. Fui aproximando meu rosto na tentativa de capturar mais e mais disso para mim.

Queria sentir com a minha boca a pele macia e quente. Queria sentir mais e mais daquele cheiro. Queria escutar cada inspiração e expiração... queria fazer parte daquele que estava ao meu lado.

O abraço era pouco, mesmo com os corpos grudados... o espaço entre nós era imenso. Queria me livrar de qualquer barreira que me impedisse de sentir o calor daquela pele.

As mãos se tocaram. As roupas saíram de cena e os dois corpos passaram a dançar em uma musica silenciosa, interrompida somente pela respiração ofegante e pelo estalar dos lábios sobre os corpos inquietos... desejo era pouco para nomear o que se sentia.

Boca, língua, mão... viajavam por todo o corpo. Cada novo toque, cada novo beijo era motivo para aumentar o desejo por um só corpo.

Tudo, repentinamente, parecia ser uma coisa só. O tempo pareceu parar... e podia jurar que uma musica começou a tocar. Cada parte do meu corpo parecia ter uma sensibilidade imensamente maior que o normal e... o que poderia parecer invasivo e forte... tornou-se suave , delicado... durante algum tempo não distinguia mais nada... só queria sentir aquilo.

Aos poucos tudo foi se acalmando. Tudo que era ofegante ficou suave. As mãos que antes vagavam por todo corpo, passaram a acariciar a pele... a musica foi diminuindo, até silenciar novamente...

Ainda jogado no sofá, lembrei que a musica que estava tocando era a mesma que serviu de trilha para esse momento para o qual voltei no tempo... porém em momento algum naquela tarde, ela foi tocada... ela só esteve na minha mente.

Chelsea burns, chelsea burns under my feet. Pode parecer insanidade... mas mesmo que seja ela é tão doce quanto o que sinto por você.


Um comentário:

o ilusionista disse...

confesso que volto ao passado com músicas, vivo de novo momentos especiais, até da minha época de adolescente com paixonites agudas q tiravam o sono e sempre tinham uma trilha sonora.