segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Voar

Nunca quis ser um anjo. Adiro estes seres celestiais e míticos, mas nunca quis ser um deles.

Há única coisa que os invejo brancamente é que eles podem voar...

Parece ser um sonho infantil, mas sempre desejei ter asas... e assim poder voar.

Voar para longe, para o alto e fora do mundo e do tempo... mas me conformo em ser humano e caminhar com meus pés no chão, mesmo desejando fortemente voar.

Porém o desejo é grande, grande demais para não realizá-lo.

Por isso fecho os olhos, me recolho em mim e espero que as minhas asas brotem e eu possa, enfim voar...

Aos poucos vou me sentindo leve e ganhando altura. Sinto o vento frio sobre meu rosto... as coisas vão ficando longe e pequeninas, tão pequenas que posso guardá-las em minhas mãos fechadas.

O silencio domina. Uma sensação de tranqüilidade toma conta de tudo...

Silenciosamente e sem parecer me mover, vôo pelos meus pensamentos... impulsionado pelos meus desejos e vontades... passando a seguir cada um deles.

Brinco com os sabores, com os sons, as vozes os cheiros daquilo que desejo.

Plano entre um sorriso e outro... faço um rasante sobre meus sonhos... observo as pessoas...

Sinto cheiros e sabores... escuto preces, canções, lamentos... escuto todos os sons...

Percebo aos poucos que não que não deixei meu lugar... não me elevei nenhum centímetro do chão, mas estranhamente acredito ter voado... e porque não acreditaria?

Se todas os desejos e vontades que me fazem querer voar são reais, por que então não posso voar realmente?

Todos os sorrisos que vi estão por ai no meu dia a dia. Os sabores e cheiros também. As vozes e as pessoas também... então quem me garante que não estou voando quando estou perto daquilo que gosto?

Talvez seja necessário nos despirmos de nossas cargas, nossos medos e preconceitos. Nos livrarmos daquilo que não nos permite voar, daquilo que nos impede... que muitas vezes somos nós mesmos, acorrentados aos nosso medos, preconceitos e a incapacidade de acreditar que podemos ser leves.

Pode parecer uma fuga... pode parecer clichê, mas continuo querendo voar... mesmo que seja com um pé no chão e outro não


Um comentário:

Unknown disse...

Takeda, adorei seu texto, quem nào gostaria de voar e esquecer o mundo e nossas preocupações? Gostei, muito sublime suas palavras, fazia tempo que nào lia algo poético assim....abraços!