segunda-feira, 3 de março de 2008

Não sei

A noite passou... longa e escura. Mais longa do que o normal, mais escura que o normal.

Hoje me sinto confuso.

Hoje me sinto bravo.

Hoje me sinto triste.

Hoje sinto muitas coisas que não consigo definir.

Tenho vontade de entrar em um potinho, uma caixinha ou algo assim... entrar e ficar lá encolhido, espremido, esquecido. Mas sou grande demais para isso, minha vida, angustias medos, revoltas são maiores que o meu infinito.

Não sei o que dizer, nem o que pensar, o que falar, comer, vestir... hoje é o dia do não sei, do não tenho, do não quero...

Não sei o que aconteceu, fico pensando nos motivos, mas não encontro.

Não tenho mais aquilo que me confortava e acalentava meus dias difíceis.

Não quero me sentir assim, não queria que isso tivesse acontecido, mas se aconteceu... não quero sentir isso que esta dentro de mim.

Como é cruel ter que negar-se a pensar em alguém. Não querer mais lembrar, não querer mais saber se esta bem, se esta cantarolando aquela musica, se o cabelo esta desse ou daquele jeito. A dor do fim é a dor do não querer saber, mas mesmo assim se importar em saber.

Respiro fundo e penso que as coisas podem melhorar, mesmo achando que no momento isso possa parecer impossível.

Estou sem norte. Na verdade eu sei onde o norte esta, mas tudo me diz para virar as costas e seguir para o sul. É ruim estar perdido em um lugar que se conhece bastante.


quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Escutando, lembrando

Hoje estava escutando uma música. Jogado no sofá da sala me deixei levar por aquela melodia.

Tentei prestar atenção à letra, mas foi em vão ela infelizmente não casa com a imagem que ela traz a minha mente.

Fechei os olhos e fui fundo no que ela me lembrava... talvez essa musica abrisse a porta de algo que é impar para mim... alguma imagem que é única na minha mente.

Voltei no tempo, para uma tarde.

Tinha despertado a pouco. Ao meu lado serenamente alguém ainda estava desligado do mundo.

Fiquei por um bom tempo contemplando aquela cena. Podia escutar o ar que entrava e sair do seu corpo, o calor que emanava daquele corpo, seu cheiro liberto de qualquer perfume. Fiquei paralisado por um tempo, tentando congelar aquele momento para mim.

Quanto mais olhava, mais o desejo de tocar e sentir aquele calor em mim aumentava. Fui aproximando meu rosto na tentativa de capturar mais e mais disso para mim.

Queria sentir com a minha boca a pele macia e quente. Queria sentir mais e mais daquele cheiro. Queria escutar cada inspiração e expiração... queria fazer parte daquele que estava ao meu lado.

O abraço era pouco, mesmo com os corpos grudados... o espaço entre nós era imenso. Queria me livrar de qualquer barreira que me impedisse de sentir o calor daquela pele.

As mãos se tocaram. As roupas saíram de cena e os dois corpos passaram a dançar em uma musica silenciosa, interrompida somente pela respiração ofegante e pelo estalar dos lábios sobre os corpos inquietos... desejo era pouco para nomear o que se sentia.

Boca, língua, mão... viajavam por todo o corpo. Cada novo toque, cada novo beijo era motivo para aumentar o desejo por um só corpo.

Tudo, repentinamente, parecia ser uma coisa só. O tempo pareceu parar... e podia jurar que uma musica começou a tocar. Cada parte do meu corpo parecia ter uma sensibilidade imensamente maior que o normal e... o que poderia parecer invasivo e forte... tornou-se suave , delicado... durante algum tempo não distinguia mais nada... só queria sentir aquilo.

Aos poucos tudo foi se acalmando. Tudo que era ofegante ficou suave. As mãos que antes vagavam por todo corpo, passaram a acariciar a pele... a musica foi diminuindo, até silenciar novamente...

Ainda jogado no sofá, lembrei que a musica que estava tocando era a mesma que serviu de trilha para esse momento para o qual voltei no tempo... porém em momento algum naquela tarde, ela foi tocada... ela só esteve na minha mente.

Chelsea burns, chelsea burns under my feet. Pode parecer insanidade... mas mesmo que seja ela é tão doce quanto o que sinto por você.


terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

O que eu quero

Não quero rótulos.

Também não quero compromisso atrelado a convenções sociais.

Tanta coisa pra escolher e decidir forçadamente no dia a dia, não vou procurar mais uma por agora.

Tenho me sentindo bem nesses últimos tempos. Mas não cai na ilusão que os meus problemas sumiram. O dinheiro continua curto e algumas coisas relacionadas a ele continuam pendentes. A saúde do meu pai continua sendo preocupante. A rotina do trabalho também me consome muito tempo. Amigos, família, trabalho e eu... não me abstrai destes problemas.

Diferentemente de tempos passados, hoje eu tenho uma brecha desse caos. Tenho algo que me faz bem, que me faz sorrir (mesmo que por dentro, afinal rir a toa no meio do dia, em uma reunião de trabalho, não é algo muito conveniente).

Não achei a solução dos meus problemas, mas conheci alguém que me da uma força incrível para passar por eles de maneira mais suave.

Não tenho definição para isso ou esse momento, mas também acho que isso não faz diferença.

Estou bem comigo mesmo e não imaginei que querer conhecer alguém mais de perto me fizesse conhecer melhor a mim mesmo.

Conhecer alguém novo nos força a fazer uma auto-análise. É fascinante tentar construir a imagem de alguém a partir dos fragmentos do dia a dia. A gente fica lá, tentando montar o mosaico com os cacos que nos foram dados, imaginando como são aqueles que ainda faltam.

São tantas afinidades, que paro pra pensar na imensidão dos conflitos que possam existir (que não são necessariamente ruins). Será que o outro age assim pelo mesmo motivo que eu? Por que tem essa atitude? O que será que nos afina e nos separa?

São tantas perguntas... são muitas respostas... muita coisa que não se sabe e destas, provavelmente, nunca saberemos todas.

Mas é ai que reside a graça de se encantar com alguém, afinal todos nós temos certo fascínio pelo que não é totalmente conhecido.

Devaneios a parte, não vou conseguir definir o que esta ocorrendo na minha vida ultimamente. Na verdade acho que não quero decidir por uma resposta... apenas quero que isso continue de alguma forma.

Quero continuar a ter alguém para quem olhar e, poder dizer às palavras que não existem, somente com o olhar.

Quero continuar a receber e dar beijos que possuam a mesma sensação de um primeiro.

Quero continuar a ter a segurança de poder gritar e escutar meu eco retornando.

Quero ter a liberdade de ser quem eu sou, nu e cru, independente de quem esta por perto.

Quero ter o conforto de ver a mesma pessoa sendo ela mesma em qualquer situação.

Quero o prazer de me sentir leve, mas me poder fazer pesar com as minhas palavras e atitudes.

Quero continuar no caminho que me foi apresentado, vivendo um dia após o outro, um passo de cada vez.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Sorria sempre

Quanto tempo leva para se tornar um amigo?
Dizem por aí, que o tempo e a convivência são fatores essenciais para fazer de uma simples pessoa um amigo. Mas eu não concordo com isso.

Existem inúmeras pessoas com as quais já convivi (ou ainda convivo), por meses ou até mesmo por anos, mas nem posso considerá-las nada além de meros colegas.

Talvez não sejamos amigos por alguma incompatibilidade de personalidade.

Talvez pela negligência mutua em não ver a possibilidade da amizade.

Talvez pelo comodismo, pois amizade envolve compartilhar... e nem sempre estamos dispostos a isso.

Tempo, personalidade, gosto, preferências... existem tantas coisas para explicar a não amizade. Mas não existe nenhuma que explique uma amizade instantânea... afinal, por ser instantânea, não sabemos nada sobre a outra pessoa, apenas sentimos a vontade da amizade.

Quem nunca fez um grande amigo com algumas poucas palavras? Nos lugares e situações mais inusitadas? Pode ser que o momento de cada um favoreça isso ou, poderia ser o acaso conspirando para tal... enfim, não entendo... não sei responder.

Porém, acredito que algumas pessoas possuem impresso em seus genes ou na sua alma, um estigma da amizade.

O sorriso é a assinatura deste estigma e... talvez agora eu entenda, porque você nos conquistou assim, em tão pouco tempo.

, sorria sempre.

MT

ps*: escrevi isso para a , estagiaria de onde trabalho e que esta nos deixando nesse dia, porém apesar de ter escrito isso para ela, graças a tudo o que existe de bom no mundo, essas palavras podem se estender a outras pessoas da minha vida... não da para citar uma por uma, mas quem ler vai sentir que isso pertence a nossa história.

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Chuva, estrela, você

Acabei de sair de casa. Precisava guardar o carro na garagem.

Surpreendi-me com o ar frio nesta noite de janeiro, uma noite de quase inverno em um mês de quase não verão.

Há alguns dias estamos cobertos de nuvens, por dias a chuva cai... muito suavemente espalhando-se pelo ar, ocupando todo o espaço e envolvendo tudo.

O cinza das nuvens parece depressivo, mas confesso que gosto deste cenário, pois... às vezes precisamos desse vento frio e da gélida chuva sobre nós, para sentirmos que ainda existe algo quente, algo que nos aquece por dentro.

Já fora de casa, antes de entrar no carro, olhei para cima e me surpreendi com as estrelas aparecendo. Tive um sutil momento de admiração quase infantil. Afinal, nos últimos dias as nuvens do céu noturno, só refletiam o vermelho mercúrio das luzes da cidade.

Pensei que em nenhum momento da minha vida tinha sentido falta das estrelas, mas fiquei feliz em vê-las.

Talvez o que me deixou assim foi à surpresa de encontrá-las. Mas é sempre assim... coisas boas quando surgem de surpresa nos deixam felizes, mesmo as mais simples.

Entrei no carro, guardei-o na garagem. Ao sair olhei mais uma vez para o céu e as estrelas continuavam lá, sem nenhuma nuvem para escondê-las. Nesse momento entendi, por mais que gostasse dos meus dias cinzentos, a estrela que brilha lá fora... é que me contenta de verdade. Respirei fundo e entrei para casa.

Mesmo que volte a chover, as estrelas continuam existindo.
Mesmo não vendo, sei que assim como elas, você existe.


MT


Surprise Ice - Kings of Covenience

Importância

Eu não me importo.

Eu nunca me importei muito com o que as pessoas pensam sobre mim. Sempre procurei ser justo e sincero. Agora... o que os outros fazem com a imagem que projeto sendo quem eu sou... ah isso não é problema meu.

Nunca perdi um minuto de tranqüilidade com os comentários sobre a roupa que eu uso, até porque elas não dizem quem eu sou.

Não me envergonho do meu gosto musical. Escuto o que me faz feliz por algum motivo sem explicação. Se alguém não gosta ou não aprova, que esta me respeite ou faça a gentileza de sair de perto. Não obrigo ninguém a fazer o que não gosta.

Não me importo tanto em correr atrás de algo que realmente quero, não sou tão inocente de achar que as coisas vão cair no meu colo. Também não tenho fé e paciência suficientes para esperar por isso.

Não me importo de receber um não, afinal... por que vou insistir em alguma coisa quando outro alguém não quer?

Também não me importo em suplicar, pois talvez ali ainda exista alguma chance.

Não me importo em desistir, mas se perceber alguma esperança refaço os meus conceitos.

Não vejo problema nenhum em mudar de idéia. Por que não o fazer se os argumentos forem convincentes?

Não lamento os meus atos. Sofro por eles e pago por eles, mas não vejo sentido em negar o que já esta feito.

Não fico me vangloriando por pouca coisa (ou por muita), mas também não me deprimo por coisas que não tenham um real valor.

Não acerto tudo, mas não faço nada sem pensar na possibilidade do erro acontecer.

Não vejo sentido em fazer a verdade alheia a minha verdade.

Não me sinto confortável em ser exemplo para os outros. Vai saber onde vou parar.

Não me acho fraco por chorar. Acho que não tendo este pudor posso ser mais forte que imaginam.

Não me importo em ser sincero, mesmo que isso possa doer. Pelo menos não estou enganando ninguém.

Não me arrependo de declarar explicitamente o que eu quero. Se alguém fugir perante as minhas expectativas... é sinal de que não tinha condições de atende-lás.

Não acho vergonhoso perdoar um erro gritante.

Não me importo em saber que acham o que eu escrevo um lixo. Escrevo muito mais para mim mesmo que para os outros. Se alguém se afinar com as minhas palavras, não me importarei em compartilhá-las.

Não me importo em ficar pensando demasiadamente no bem estar alheio, talvez este fato, só reforce a esperança de que alguém faça o mesmo por mim.

Não me importo em não ter tudo o que eu quero e da maneira que eu quero, pois assim mantenho minha obstinação e ambição vivas.

Não me assombra sofrer, até porque ao viver isso, posso dar mais valor em ser feliz.

Não me preocupo com o fim, pois acho que não aproveitaria o presente se me amargurasse com o futuro.

Não me importo com meu coração... mas me importaria muito se soubesse que você se importa com isso.

MT

Protège moi - Placebo

Perdoe

Errar é humano... sim, errar realmente é da natureza humana, na verdade nós erramos muito e por muitas vezes.

Erramos nos nossos julgamentos, nas nossas atitudes, nas palavras. Erramos por fazer e por não fazer. Mas o nosso maior erro é não acreditar que o erro alheio seja passível de uma correção, de um reparo.

Quando erram com a gente, parece que esquecemos que já erramos com outro alguém. É justamente neste momento de amnésia, que o grande desastre da vida humana aparece: o orgulho.

Orgulho provavelmente é o sentimento mais mesquinho que podemos expressar. Ele nos impede de exercer as nossas maiores virtudes, ou seja, o perdão e a compaixão.

Perdão e compaixão, por um acaso você conhece melhores armas que essas? Quem não desmonta perante um perdão, ou não se compadece perante a compaixão de alguém ao qual muito se estima?

Possivelmente existam pessoas por ai que não tenham essa atitude... mas provavelmente, estas não se importam nenhum pouco com o erro cometido. Também existem aqueles que jamais perdoam ou demonstram compaixão... mas essas se afogam no próprio orgulho.

E esse orgulho não faz de nenhuma pessoa alguém mais digno, melhor ou mais feliz. Pelo contrário, um orgulhoso não sentira culpa quando cometer um erro. Porém, o pior é que, muitas vezes esse orgulho pode tirar a felicidade do caminho das nossas vidas.

Será que aquele alguém que errou feio com você, não esta sendo sincero e disposto a fazer de tudo para reparar o que aconteceu? Você fatalmente ficaria em uma situação bem conflitante: se compadecer da situação do outro e conceder seu perdão, sem saber se este vai fazer por merecer.

Pois é, perdoar não tem garantia. Você pode perdoar e se surpreender com a mudança ou, voltar a sentir na pele os mesmo erros novamente. Mas uma coisa é garantida, quem perdoa e se compadece da situação do outro só tem a ganhar, pois aqueles que têm essa atitude tornam-se pessoas melhores.

Tudo bem, a essa altura você já deve estar pensando na minha utopia, ou talvez que nunca alguém tenha errado comigo, mas caros amigos, já errei muito e também já erraram comigo, mesmo assim não desisti de perdoar.

Perdoo, porque já não me perdoaram e a dor da falta de confiança... é dilacerante.

Perdoo, porque tenho medo de viver frustrado por não saber como seria se tivesse uma outra atitude.

Perdoo, porque quero viver em paz e feliz e isso depende muito mais de mim, do que de outra pessoa.

Perdoo, porque mesmo tendo a certeza do não merecimento, posso servir de exemplo de dignidade.

Perdoo, porque a mágoa só é anulada pela compaixão... e viver magoado, não é o que eu quero para minha vida.

Perdoo, porque isso pode ser uma garantia de que posso ser perdoado.

Perdoo, porque talvez isso seja a única maneira de esquecer... do erro e de quem errou.

Errar pode arranhar nossas almas, mas o perdão pode ser um punhal em brasa no coração de quem erra.

MT

The Build Up - Kings of Convenience

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Gostar

Gostar de alguém é sufocante.
Pode-se gostar de alguém de várias maneiras. Como amigo, como profissional, como confidente, enfim gostamos de pessoas diferentes e de maneiras diferentes. Porém gostar de alguém com interesses de paixão, isso sim é sufocante.
É sufocante, pois quando não se esta perto desse alguém as sensações são confusas e contraditórias, variando da delicia da lembrança a angustia da ausência.
É sufocante por trazer aquele sentimento de amparo e aconchego ao se lembrar dessa pessoa, mas também do desespero diante ao relógio que se arrasta eternamente até um próximo encontro.
É sufocante por lembrar de se ter tanto prazer e alegria quando se esta perto e um vazio infinito quando se esta longe.
É sufocante, já que na ausência o tempo se arrasta, as coisas são tediosas, os assuntos no cafezinho não são tão legais e... tudo aquilo que se olha lembra de quem não se tem ao lado.
Mas gostar de alguém também é um pouco masoquista.
Todos, na ausência de quem se gosta, sempre... mesmo que neguem... procuram tudo aquilo que lembra o outro...
Quem nunca se viu escutando uma mesma musica repetidas vezes, só por que esta lembra alguém? (one, two, three, four tell me that you love me more...)
Quem não fica revendo uma cena de um filme, cheirando a roupa que ficou com o perfume da outra pessoa, olhando e-mails antigos, recados... enfim tudo que possa lembrar que a outra pessoa que ali não esta...
Gostar e estar longe é cutucar a ferida. E cutucá-la a ponto de deixar uma cicatriz, que será mais uma marca na qual você fatalmente olhara e se lembrará de quem se gosta quando estiverem distantes.Gostar realmente é contraditório e, enquanto for recíproco... deliciosamente bom.

MT

One, two, three, four - Feist

sábado, 19 de janeiro de 2008

Falando sobre felicidade...

Hoje acordei pensando em como é essa tal de felicidade...

Parece muito piegas, mas acordei pensando nisso. Bom respostas óbvias e produzidas por um inconsciente coletivo vieram imediatamente a minha mente.

Um bom trabalho, no qual você se realize e te compense financeiramente; uma família estruturada e que te apóie em vários momentos da sua vida; amigos verdadeiros e sinceros; uma pessoa que te ame...

Nossa isso é muito perfeito. Perfeito demais para sobreviver em um mundo tão caótico como o nosso. Algo assim não sobreviveria por muito tempo.

Nessa nossa vida atropelada, ou se tem uma coisa ou outra, ou isso ou aquilo (Cecília você tem razão). Mas disso tudo o que poderia nos deixar mais perto da felicidade? Acho que não sei responder.

No momento penso que o que pode me fazer feliz é uma outra pessoa. Uma que me conforte, que seja meu norte. Alguém que me faça respirar tranquilo e esquecer dos percalços da vida cotidiana.

Quero uma pessoa com um sorriso que abrace; com um olhar que me aqueça, com uma voz que me segure, com uma mão que me adormeça...

Com essa imagem na cabeça, eu saio sempre a espera e a procura de que alguém assim apareça.

Pode parecer estranho, mas todas essas coisas que idealizamos... não acontecem. Mas não acho isso frustrante, ninguém deveria achar.

Digo isso por que não devemos procurar ninguém que se encaixe nos nossos ideais, devemos encontrar outros em pessoas que não idealizamos... existem pessoas fantásticas nesse mundo, então não fique perdendo tempo idealizando algo que esta pronto... espere... o acaso sempre conspira a favor dos corações solitários.

Digo isso por que alguém me abraçou com o seu sorriso; aqueceu-me com o seu olhar; me segurou com sua voz... mas não me adormeceu com sua mão, mas esta me mantendo feliz, alegre e leve...

Meu ideal tem a sua aparência, o seu tamanho e seu número de telefone.

MT

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Janela

Às vezes eu me pergunto se mais alguém além de mim, para pra ficar olhando pro nada. Bom, não é exatamente para o nada, mas não necessariamente para aquilo que esta na minha frente.
Hoje fui fechar a janela por causa da chuva. Parei por um instante e fiquei ali... quieto... contemplativo... e contemplando o nada.
Nesse momento transformei a minha janela em uma tela. Uma tela em branco, vazia e fria. Fiquei pensando no que estava faltando nela.
Pensei em uma praia, em um vale gelado, em uma piscina, em um grande quintal com crianças correndo, pensei em uma pessoa cuidando do jardim sorrindo para mim...
Esbocei um sorriso sutil e fechei a janela. Foi então que percebi que não conseguimos nunca olhar para o nada, mas sim para alguma coisa que só a gente vê.
O meu nada e tudo pra mim.
MT

Tempo

Não deveríamos usar relógios pra marcar o tempo... este é tão subjetivo que não faz sentido medi-lo. O que mede o tempo é a intensidade do que se passa a cada momento.
Como a balada de um final de semana durou pouco.
Aquela palestra de uma hora se arrastou pela eternidade.
Pensei no acidente que sofri de carro. Tudo aconteceu em menos de 5 segundos. Mas até hoje quando lembro da sequência dos fatos, ela teve o tempo necessário para relembrar da minha vida toda.
Penso no seu beijo. Parece que foi há anos que senti seu gosto, mas ao mesmo tempo sou capaz de ainda sentir os lábios ligeiramente amortecidos, como quem acabasse de beijar. Isso é contraditório. O tempo também é. Contraditório, subjetivo e sem sentido.
Também existe outro motivo pelo qual não podemos medir o tempo: ele não é linear e irreversível. Você por acaso conhece uma pessoa que não viva com um pé no passado e outro no futuro, transitando frequente mente por estas dimensões? Quem não passa alguns momentos do dia longe, sonhando com algo? Que não fique revivendo, incansavelmente alguma coisa do passado? Explica-me como o tempo pode ser linear?
Estou aqui, mas num ir e vir de tempo. Ora estou no futuro imaginando como você irá reagir a estas palavras; noutro momento volto e revivo alguns fragmentos daquilo que motivou a desejar escrever para você.
Fisicamente não posso reverter o tempo, mas isso não o torna irreversível. Não existe nada que impeça ninguém de viver e voltar a viver, algo que queira novamente. O tempo é a lembrança de algo. Esse tempo vai ser eterno ou finito dependendo da intensidade que se da a ele, da emoção que nele contem... e da vontade de cada um de se agarrar a única coisa que fica quando o tempo anda rápido demais e avança para o futuro, mas sem chegar ao destino que se espera.
O tempo sem você nunca vai ser maior que o tempo do seu beijo.
O tempo que vai demorar para te ver novamente nunca vai ser maior que o tempo do seu toque.
O tempo que uso para reviver você em mim... não é suficiente para fazer a saudade passar.
Meu relógio esta marcando a sua hora.
MT

Fumaças

Estou sem sono... Bom, na verdade estou resistindo a ele.
Já tinha desligado o PC e estava me preparando para deitar, mas antes fui até a varandinha bater um papo com o meu cachorro. Acendi um cigarro e fiquei observando a fumaça serpenteando pelo vento frio desta noite de quase verão.
Da ponta em brasa do cigarro, a serpentina de fumaça subia lentamente, formando meandros delicados pelo espaço que, repentinamente, eram esfacelados pelo vento frio da noite. Observando aquela serpentina de fumaça, pensei na fragilidade das coisas e inevitavelmente pensei na frugalidade da paixão.
Assim como a fumaça que esvai-se da brasa de um cigarro, toda a paixão também começa com fogo, fazendo com que nossa alma seja aos poucos, consumida como uma brasa, esvaindo-se em uma fumaça de sentimentos, serpenteando o espaço até que, lentamente se dissipa no nada. Mas assim como o cigarro, a paixão acaba. A fumaça é dissipada pelo vento e a brasa apaga-se, sobrando apenas uma bituca, que inevitavelmente será jogada ao chão.
O cigarro acabou e, após este devaneio, sorri da minha estupidez de comparar a paixão a um cigarro, afinal fumar não faz bem a saúde. Porém, voltando aos meus devaneios, pensei... mas e a paixão faz bem? Esta também não é viciante? Enfim, ao perceber que não conseguiria responder a estas questões, voltei a colocar meus pés no chão, atirei a bituca no gramado, fechei os olhos e resolvi curtir o vento frio da noite.
A pele do meu rosto, braços e pernas sentiram aquele toque gelado e ligeiramente úmido, fazendo me sentir aquele friozinho suportável e agradável. Mas este frio na pele ressaltou em minhas lembranças o calor do seu toque, a textura da sua pele, o gosto da sua boca e a cada rajada mais forte de vento, jurava que podia até sentir seu cheiro.
Por alguns instantes revivi em minha mente alguns dos nossos momentos. Mas ao abrir os olhos, percebi o vazio de uma noite escura. É perceptível minha melancolia, porém, assim como a nicotina, ela alivia algo dentro de nós.
Por hoje, ainda não decidi largar o cigarro.
Por hoje, não quero deixar de gostar de você.
MT

SOU(L)

Não sou feliz.
Não sou triste.
Não dou risada atoa... mas as vezes dou risada sem motivo.
Não choro atoa... mas as vezes coisas bobas me fazem derramar algumas lágrimas (ou rios delas).
Não consigo ter uma vida simples, por experiência própria acho isso muito complicado.
Trabalho muito. Muito mesmo.
As vezes esqueço que existo. Tenho tendência a me anular.
Gosto de musica. Gosto da letra ou simplesmente do ritimo.
Para algumas coisas sou muito sofisticado, para outras muito simples.
Não gosto de surpresas, mas vivo na expectativa de que elas ocorram algum dia.
Sinto saudades. Do que se foi e do que nem chegou a existir.
Idealizo as coisas... mas sempre me ferro com isso.
Em alguns momentos gosto do silêncio.
Prefiro as noites, madrugadas e manhãs.
Bebo, mas não suporto exageros.
As pessoas me acham muito capaz, mas não acredito muito nelas.
Fui um aluno exemplar em toda a carreira escolar... mas até hoje não sei para que isso realmente me serviu.
Algumas poucas pessoas se orgulham de mim, eu mesmo não.
Muitas me odeiam... mas não me importo.
Não sou bonito. Não canto, não danço e não sapateio.
Acho desenho de criança bonitos.
Odeio futilidades.
Não cultuo ninguém.
Sonho em ser invisível.
Não gosto de multidões. não suporto muvucas.
Festa do peão, show sertanejo e outras manifestações explicitas da decadência humana... são o ó.
Gosto de animais. Bato longos papos com eles, muitas vezes mais construtivos que com pessoas.
Amo a Paula e a Helena. Queria mais tempo pra ver elas crescendo.
Me preocupo muito com o bem estar alheio. Gostaria que se preocupassem com o meu.
Gosto de cuidar das pessoas. Gostaria que alguém cuidasse mais de mim.
Sou forte, mas gostaria de me permitir desabar. Só não faço isso pq não vejo em ninguém uma mão que possa me reerguer.
O amor doí, muito mais do que faz feliz.
MT